Categoria

Arquitectura, Projecto

Material

Fachada Ventilada Cinza Douro

Ano

***

Arquitecto

Arq. Paulo Barbosa

Projecto

Quinta do Ribeiro Santo, da Magnums

Fotografia

***

Espaço do arquiteto com o Arq. Paulo Barbosa

Nesta nova edição do Espaço do arquiteto, fomos falar com o Arq. Paulo Barbosa, do projecto Quinta do Ribeiro Santo, da Magnum – Carlos Lucas Vinhos, que se situa em Carregal do Sal, e onde foi utilizada a Fachada Ventilada Cinza Douro da Cerâmica Vale da Gândara.

Apresentação do Arq. Paulo Barbosa

Nasceu em Lisboa em 1968. Licenciado em Arquitectura em 1992 pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian Trabalhou em ateliers de arquitectura em Lisboa, destacando-se o gabinete do arquiteto Hestnes Ferreira, de 1990 a 1997 Foi colaborador para os estudos de Planeamento no Complexo de Apoio às Actividades Desportivas do Estádio Nacional de 1997 a 1999 Em 1998 instalou atelier em Tábua, em regime de profissão liberal, com projectos de diversos programas, nomeadamente de habitação, reconstrução, saúde, indústria e turismo rural Lecionou na Escola Profissional de Santa Comba Dão Pós Graduação em Avaliação e Gestão de Imóveis pela Faculdade de Engenharia da Universidade Católica de Lisboa em 2005 www.paulobarbosaarquiteto.com

No projeto de remodelação das Caves Magnum, parte integrante da imagem exterior da marca, que ideias chave foram determinantes?

O cliente pediu um espaço moderno, sala de visitas da marca, combinando um design “internacional”, dada a grande diversidade de origens dos clientes MAGNUM que iriam visitar o espaço, com os materiais locais, sem esquecer a relação com o ambiente de uma Adega. Tudo isto, integrado num edifício já existente e sem alterações à sua estrutura base.

Quais os objetivos para a utilização do jogo de volumes, cores e conjugação de materiais que a obra encerra?

Uma vez que o edifício existente não tinha qualquer interesse arquitectónico a manter, optou-se por uma solução de revestimento total da fachada principal e parte das laterais, formando um novo volume com revestimento cerâmico, destacando do restante pavilhão a área de recepção, administrativa e social da empresa. A este volume base, foi adicionada uma pala de grandes dimensões em metal e uma superfície de madeira, marcando a entrada principal e criando um movimento curvo que convida à entrada no edifício.

Como justifica a escolha da fachada ventilada da Cerâmica Vale da Gândara como material de revestimento exterior?

O revestimento do volume acima descrito deveria ser moderno, com cores ligadas ao “terroir” das vinhas, e deveria dar dignidade ao edifício. As soluções metálicas dariam um ar demasiado industrial, pelo que a cerâmica tornou-se a opção mais interessante, duradoura, sem manutenção, de cor terra perfeita para o local. O sistema autoportante era ainda mais interessante pois não sobrecarregou as paredes e estrutura existentes e criou uma caixa de ar que permitiu resolver as questões de isolamento térmico e passagem de tubagem técnica de forma muito eficiente.

Porquê a opção pela cor Cinza Douro?

Foi a côr que considerámos ao mesmo tempo moderna e natural para o terreno. Era importante que o edifício tivesse as cores da terra, da vinha e do vinho, e este Cinza Douro foi perfeito para essa relação com a terra, sendo ao mesmo tempo uma côr actual/moderna.

Quais são as suas maiores influências na área da Arquitectura?

Foi muito marcante a imensa aprendizagem durante a colaboração no atelier do arquiteto Hestnes Ferreira ao longo de sete anos, parte destes ao mesmo tempo que concluía o curso. Tenho grande admiração pela obra dos arquitetos Fernando Távora pela sua modernidade integrando valores locais e tradicionais, Louis Kahn pela essência da geometria, e Alvaar Aalto pela escala tão reconfortante das suas obras, que fui visitar à Finlândia.

Tem em conta os problemas ambientais e de sustentabilidade na concepção dos seus projectos?

Apesar de preferir sempre materiais naturais (…e nacionais) nas minhas obras, como pedra, madeira, ferro, cerâmica e vidro, diria que essa minha preocupação se reflete no sentido de criar obras que sejam duradouras e intemporais, para evitar elevados custos de manutenção, que tenham bons isolamentos e assim, reduzidos custos de utilização. Também me preocupo muito com as instalações técnicas, pois hoje em dia há uma grande tendência para equipar e “sofisticar” os edifícios com tecnologia muitas vezes supérflua, que apenas sobrecarrega o consumo de energia e obriga a custos elevadíssimos de manutenção.

Para finalizar, como prevê os próximos anos para a Arquitectura em Portugal?

Estou optimista com o futuro da arquitectura em Portugal. Finalmente está entregue aos arquitetos e a qualidade vai demonstrar-se ao longo dos próximos anos. Não se vislumbra grande crescimento do imobiliário, mas há muito trabalho a fazer para reabilitar e dar qualidade às cidades, vilas, aldeias, aos espaços urbanos e à paisagem.